segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Ghesas de Eros - Ninfa

         Ghesas de Eros – Ninfa*

 

Assim, tão femininos esses eu-te-amos,

e ela se finge inocente donzela,

e ela fecha os olhos e me beija a boca

quente e úmida. As línguas

e os lábios enlouquecidos com gritos,

soterrados nas entranhas da terra,

e nas cavernas da alma. O mundo ferve,

o universo arde e ela me ama sem pejo,

e não era fome de comida,

e não tinha sede de bebida.

Tinha fome e sede de vida,

e ela sussurrava ais de ninfa apaixonada.

Vulcão em lava, havia cheiro e gosto de mim nela,

gosto e cheiro, infinito, em mim, dela.

Tudo é a idade, uma gata faminta,

lábios rubros e língua com gosto das manhãs.

Ela besunta meu corpo com óleo profano

e sua língua solta veneno

e espalha combustível à fogueira.

Somos fios nervosos da terra,

eletrons que tentam sair para os céus.

 

*Poema composto a partir do livro Ghesas de Eros de Paulo Bauler.


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